Moradores do Algarve lutam pelo bem-estar animal em Portugal
Este é um artigo de reconhecimento a um residente algarvio muito especial, que reconhece a sua ambição e dedicação na realização do seu sonho que também nos está próximo. Temos orgulho de ser uma pequena parte e apoiá-lo na realização de sua visão.Salvamento Animal Algarve (ARA)
Fundada em 2017, Salvamento Animal Algarve (ARA) é uma associação de solidariedade social que detém e gere um abrigo de animais dedicado à melhoria do bem-estar de cães e gatos em Portugal.
A ARA é uma Associação de Caridade Portuguesa, legalmente constituída, tendo como principal objetivo o acolhimento e posterior reassentamento de cães e gatos vadios, abandonados e aflitos.
A instituição de caridade foi fundada pelo morador do Algarve e empresário inglês, Sid Richardson, que financiou o custo total de capital do projeto e também financiou os custos de funcionamento desde o seu início.
O corpo diretivo da Associação é composto por doze indivíduos, todos voluntários. Especialmente importante para a ARA não é apenas a melhoria do bem-estar animal localmente, mas esperançosamente em todo o Portugal.
“Eu tenho um sonho” de Sid Richardson
O sonho de criar a ARA foi desenvolvido ao longo de muitos anos. Sempre fui um amante dos animais e apoiei santuários e abrigos de animais em Inglaterra antes de me mudar para Portugal há mais de 25 anos.
Há cerca de 20 anos resgatei um retriever de um abrigo de animais no Algarve que se tornou o meu melhor amigo.
Ao olhar para o estado do bem-estar animal em Portugal ficou claro que alguém precisava de melhorar a situação e tentar abrir os olhos das entidades que o pudessem fazer.Como um empresário de sucesso no Reino Unido e em Portugal e tendo acumulado riqueza, acordei uma manhã e decidi por que esperar até que eu morra para que isso aconteça, vamos fazer isso amanhã.
A maioria das pessoas considera Portugal um país europeu avançado, mas quando se trata de bem-estar animal, receio que não. E assim nasceu a ideia, nossa intenção era abrir um abrigo autossuficiente para animais abandonados e aflitos.
Então encontramos Cabanita que é um lugar lindo em um vale como ponto de partida. Era basicamente uma floresta, então passamos os primeiros seis meses desmatando e, ao longo de um período de 18 meses, construímos abrigos isolados ecologicamente corretos.
Sempre tivemos o cuidado de respeitar a natureza e não cortar árvores. Os canis foram todos feitos com caixas de ar isoladas termicamente com telhas ignífugas.
Se retrocedermos dois anos não veríamos cães vadios nas ruas pela simples razão de que até então, e isto se aplica à maioria dos concelhos do Algarve, apanhavam cães saudáveis e os matavam se não estivessem coletados em sete dias.
Em 2018 foi aprovada uma lei que entrou em vigor, eles tiveram um período de carência de dois anos e a responsabilidade é de cada conselho local de fornecer abrigo para animais abandonados. Você pensaria que isso era uma boa notícia e talvez um dia seja uma boa notícia, mas posso lhe dizer que as instalações e os fundos disponíveis para esse fim representariam menos de dois por cento dos animais abandonados.
Quando chega um novo animal sempre fazemos um período de quarentena de sobre 15 dias para ver se o animal tem algum tipo de problema ou doença. Obviamente, se for um animal muito debilitado e doente, é encaminhado imediatamente para a clínica veterinária.
Normalmente o que fazemos é a prevenção, vacinações, desparasitações, microchips, prevenção das doenças mais comuns, esterilizações e cuidamos dos animais quando estão doentes.
É muito comum em doenças como a leishmania, um animal chegar a um estado muito ruim e perto de morrer, mas isso para nós não é impedimento para resgatá-los e tratá-los, tentamos de tudo. Com os tratamentos certos, amor e carinho podem acabar se recuperando e tendo uma vida normal.
A única maneira de fazer o realojamento de animais funcionar é ter uma proporção de funcionários para o número de cães, para que os cães possam ser socializados, passeados e preparados para o realojamento. Conheço muitos abrigos onde os cães não serão realojados porque simplesmente não caberia naquele ambiente.
Então, o que me entristece é que provavelmente 60-70 dos cães domésticos que são resgatados estão destinados a uma vida de serem presos como animais selvagens, o que não são.
A Cabanita é um local fantástico onde operamos com a plataforma universal “Workaway” e suponho que seja uma vantagem para nós estarmos no Algarve que é um local popular para trabalhar fora com muitas pessoas. Assim, a qualquer momento, oferecemos acomodação para até 20 voluntários trabalhando fora.
Dispomos de voluntários locais e Workaway, através dos quais disponibilizamos alojamento e comida em troca de horas diárias de trabalho.
Normalmente, os voluntários que aqui vêm são todos amantes dos animais e esta energia é sentida e transmitida aos cães o que diminui o stress e o nervosismo do animal.
Tudo isso eu acho que é um grande diferencial entre a nossa associação e outras associações que têm programas de voluntariado. Nossa experiência é tão imersiva que sempre beneficia os animais.
Não tínhamos dinheiro para pagar 20 voluntários e é por isso que funciona tão bem eles, também nos ajudam nas adoções nos ajudam a divulgar. Felizmente para nós, recebemos ótimas críticas e, na verdade, temos uma lista de espera.
É incrível e estamos muito orgulhosos e satisfeitos com o que conseguimos. As lições que aprendemos e a taxa de adoção. Porque a principal razão pela qual estamos aqui é salvar animais, mas, finalmente, encontrar um lar para eles para sempre e estamos fazendo isso com muito sucesso, agora temos uma média de 25 adoções por mês.
Na minha opinião, o que a ARA oferece é qualidade de vida para os animais e essa é uma das nossas regras fundamentais. Não permitimos mais de dois cães em cada canil, a menos que sejam irmãos ou mães e filhos.
Durante o dia têm acesso aos parques quando vão passear, estão juntos e socializam, são verdadeiros animais e podem estar em Contacto com a natureza e entre si.
No final do dia descansam nas suas casotas onde cada cão tem a sua cama, e mantas limpas, também temos as luzes e as luzes do calor acesas durante a noite quando está com frio ou a recuperar de uma cirurgia.
Procuramos ser muito conscientes nas nossas adoções, quando uma família quer adotar um animal, sempre pedimos que venham ao nosso abrigo pelo menos duas ou três vezes, principalmente no caso de cães adultos, para que criem um vínculo afetivo e não ser uma mudança drástica em seu ambiente.
Ao adotar um animal famílias assinar um termo de responsabilidade. Os animais nunca são levados pelo adotante, são sempre os membros da equipe que levam o animal para a casa da família.
O que vamos avaliar é se o animal terá acesso ao interior da casa, se já existem outros animais e se eles vão reagir bem à presença do novo animal. Então, realmente, se o animal adotado for um membro da família.
Para nós, é importante ter um feedback constante sobre o bem-estar do animal quando ele sai do abrigo. Uma coisa que mencionamos a todas as famílias que passaram pelo abrigo e adotaram um animal é que, se algo mudar em suas vidas ou circunstâncias, sempre aceitaremos o animal de volta.
Para nós não são números mas fazem parte da nossa família e se já passaram pelo abrigo terão deixado a sua marca e serão sempre bem-vindos de volta.
Se você tiver em mente que temos oito funcionários permanentes e 12 voluntários permanentes porque eles vêm para ficar duas ou três semanas, então sempre temos voluntários, é preciso muito dinheiro para administrar o local e isso com cem cães. Imagine quanto custaria administrar 300 cachorros!
Nossos custos são divididos em três áreas básicas que são despesas com veterinários, comida de cachorro e salários. Esses lugares custam muito para serem administrados, mas há muito dinheiro lá fora, mesmo que seja dinheiro internacional. Quando você olha para o Reino Unido, o dinheiro de caridade que entra em instituições, principalmente em lares para cães, é enorme.
Infelizmente, Portugal não é um grande país voltado para a caridade, isso é apenas um fato, simplesmente não tem esse tipo de histórico, então arrecadar fundos e arrecadar dinheiro para administrar lugares como a ARA e outros é fundamental.
Em janeiro de 2020 abrimos uma loja solidária em Almancil. A loja chama-se Wooff – Worn Only Once Fashion & Furniture – e foi criada para servir como uma fonte adicional de renda para o abrigo.A loja de caridade Wooff é uma forma fundamental para a ARA conseguir obter fundos para suportar as despesas correntes todos os artigos vendidos na loja são doados pelo público em geral.
É totalmente gerido por voluntários, eles cedem o seu precioso tempo todas as semanas para apoiar a ARA e sem eles, seria impossível manter os custos baixos e maximizar os lucros que vão para a ARA.
A loja em Almancil tem tido tanto sucesso que em Janeiro de 2022 abriu mais uma loja em Loulé.Gostaríamos apenas de continuar do jeito que estamos, estamos fazendo uma Cabanita, mas nosso grande, grande desejo é ver uma melhoria geral na atitude e na vontade dos municípios e do governo em relação ao problema do bem-estar dos animais.
Temos aqui a oportunidade talvez, com a ajuda de pessoas de fora, quando digo pessoas de fora quero dizer entidades de fora de Portugal, de talvez poder fazer algo maior pelo bem-estar animal em Portugal e poder indicar ao governo a todo o níveis que algo não está certo.
Na verdade, algo está muito errado e, dado que poderíamos mostrar a eles como talvez fazer coisas diferentes, trazer pessoas internacionais para ajudar o governo a criar conscientização e talvez uma situação abrangente em que muitos desses santuários e casas possam se relacionar .
Poderíamos criar algo muito mais saudável para o bem-estar animal em Portugal. Assim que sentirmos que o trabalho foi feito aqui, poderemos ajudar outro abrigo a melhorar.
Eu tenho esse sonho. Sid Richardson
Moro no Algarve há mais de 20 anos e adoro a experiência. Agora escrevendo e fotografando a experiência do Algarve para partilhar com outras pessoas.
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